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Capítulo 10
Intervenções em condições de temperatura e húmidade elevadas
. Outro efeito do calor é o aumento da transpiração
para aumentar as perdas por evaporação. Além disso, produz-se um
aumento da frequência cardíaca relacionada com o aumento da
temperatura corporal, acompanhado por um aumento da frequência
respiratória. Estes efeitos aumentam o consumo de oxigénio do
bombeiro.
Finalmente, produz-se urna falência do sistema termo-regulador
corporal, perde-se o equilíbrio térmico e começa a aparecer a
sintomatologia característica. Esta pode ser dividida em três níveis
de gravidade:
1.- Esgotamento por calor (desidratação).
É a forma mais leve e, provavelmente, o quadro clínico mais
frequente que vamos encontrar entre os bombeiros. Produz-se por uma
perda excessiva de líquido e sais minerais através de uma
transpiração abundante durante um trabalho duro e prolongado em
ambientes quentes.
A temperatura corporal mantém-se a níveis normais até que o excesso
do calor possa ser dissipado através da evaporação desse suor. A
sintomatologia que pode aparecer será: dor de cabeça, debilidade,
cãibras e, em último caso, desmaios.
A atitude, perante um quadro clínico destas características,
consistirá, em primeiro lugar, em tratar de preveni-lo mediante a
reposição adequada de líquidos e sais minerais durante uma
intervenção nessas condições.
Se já se procedeu a isto, afastar do calor o bombeiro afectado,
deitá-lo num lugar arejado e proceder à reposição de água de forma
progressiva (uns 200 a 250 cc. cada 10 - 15 minutos),
preferencialmente com uma pequena quantidade de sal (ou preparados
comerciais de sais minerais).
2.- Síncope (ou lipotimia) por calor
Como temos referido, uma das reacções do organismo ao encontrar-se
exposto a uma atmosfera extremamente quente, consiste na dilatação
dos vasos sanguíneos da superfície cutânea com o objectivo de
aumentar a perda de calor por radiação.
Em casos extremos, esta dilatação pode ser tão importante que
provoque uma descida da tensão arterial com a consequente diminuição
da chegada de sangue ao sistema nervoso central. Menos sangue
significa menos oxigénio e, portanto, produzirá um desfalecimento. A
isto se pode chamar síncope por calor.
Há que afastar o bombeiro da fonte de calor o mais rapidamente
possível, deitá-lo num lugar arejado e elevar-lhe ligeiramente as
pernas para tratar de aumentar a pressão arterial a nível central.
Uma vez recuperada, não se deve permitir que volte a expor-se ao
calor, pelo menos, durante várias horas.
3.- Golpe de calor
É o termo utilizado para definir a alteração mais grave que podemos
encontrar como consequência da exposição ao calor. O termo
"insolação" refere-se a esta mesma alteração, mas quando a causa é a
exposição directa ao calor do sol.
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