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Capítulo 10
Intervenções em condições de temperatura e húmidade elevadas

A característica principal do golpe de calor é um aumento da temperatura corporal, extrema e incontrolada. A elevada temperatura (de 41ºC a 43ºC, ou mesmo mais) provoca um dano importante, fundamentalmente, sobre o sistema nervoso central.

Tudo parece indicar que a causa principal desta alteração é o falência da transpiração para eliminar o calor produzido pelo organismo.

Como já referimos, em condições ambientais adequadas o calor elimina-se por radiação, convecção, vaporização e evaporação do suor. Quando o ambiente aquece em excesso, todos estes métodos se revelam ineficazes, excepto a evaporação.

Demonstrou-se experimentalmente que durante o trabalho prolongado em ambientes quentes produz-se uma lenta descida da taxa de transpiração, como se os mecanismos fisiológicos de controle da temperatura corporal se debilitassem quando a exposição ao calor é prolongada. 

Enquanto a quantidade de suor é suficiente para permitir o arrefecimento por evaporação, não acontece nada. Mas quando se alcança o ponto a partir do qual a taxa de transpiração é insuficiente, a temperatura corporal começa a subir rapidamente, a transpiração cessa e produz-se o colapso, o coma ou a morte, se não se instaurar um tratamento imediato.

A vítima do golpe de calor, nos primeiros momentos, encontra-se irritável, agressiva, desorientada ou comatosa, com pulso rápido e pele seca, quente e vermelha. Se o quadro evolui, o coma torna-se mais profundo, o pulso enfraquece e a pele torna-se mais escura.

O tratamento constitui uma urgência. A vítima deve ser despojada das suas roupas e o seu corpo arrefecido através da aplicação de compressas húmidas sobre a superfície cutânea.

Pode acelerar-se a perda de calor por evaporação se, além disso, aumentarmos a circulação do ar à sua volta (através de ventiladores ou abanando-a).

Se não dispomos de nenhum tecido que possamos humedecer, pode usar-se, também de forma eficaz, a pulverização de água sobre a pele.

De qualquer forma, não se recomenda o arrefecimento demasiado brusco. 

Em todos os casos, controlar o pulso e a respiração tal como numa pessoa inconsciente, iniciando as manobras de RCP, se tal for necessário.

A vítima deve ser transportada para um Hospital a fim de receber o tratamento adequado às suas alterações circulatórias e avaliação de possíveis danos cerebrais pelo aumento exagerado de temperatura do corpo.

Durante o transporte não devem ser descuradas as medidas de arrefecimento nem as de reanimação.


PREVENÇÃO

A prevenção dos problemas derivados da exposição a atmosferas quentes e húmidas é relativamente simples. 

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