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Capítulo 4
Queimaduras e Congelamento

QUEIMADURAS ELÉCTRICAS


. O grau de lesão das queimaduras eléctricas está em relação directa com a resistência dos diferentes tecidos à passagem da corrente eléctrica, a intensidade da corrente e a duração da exposição. Uma pele fina e húmida oferece menos resistência que uma pele grossa, seca e/ou suja. Por outro lado, a corrente eléctrica, quando entra no organismo converte-se em calor.
Quanto maior for o fluxo de corrente, mais calor se produz.


Considera-se que a corrente alterna é mais perigosa que a contínua porque provoca contracções musculares repetitivas (tetania), que podem dificultar uma ventilação pulmonar eficaz.

. A electricidade pode causar três tipos de queimaduras:

- Tipo I ou queimadura de contacto: É a típica lesão eléctrica, com um ponto de entrada e outro de saída em que veremos as lesões características em "olho de boi" (zona central carbonizada, zona média de tecidos acinzentados e a zona externa avermelhada).

- Tipo II ou queimadura por flash: Se a pessoa passa suficientemente perto de uma fonte de alta voltagem pode provocar a formação de um arco de corrente entre a fonte e o mesmo, que alcança uma elevada temperatura, provocando lesões por calor.

- Tipo III ou queimadura por chama, que ocorre quando a electricidade incendeia as roupas ou local próximo de uma pessoa.

. No entanto, a queimadura não é o único tipo de lesão que a electricidade pode provocar, nem tão pouco a mais grave. Podemos encontrar também:

- Asfixia, por contacto prolongado com uma fonte de corrente alterna que causa uma contracção tetânica dos músculos respiratórios.

- Paragem cardíaca, secundariamente à ausência de ventilação ou como resultado directo do choque eléctrico.

- Alterações neurológicas (perda de consciência) com paragem respiratória, delírio, confusão ou coma. 
- Fracturas, luxações ou, inclusive, lesões da coluna cervical.

. O manuseio e tratamento de uma vítima que tenha sofrido um acidente eléctrico deve começar sempre tratando de separar a vítima da fonte eléctrica, através de um objecto não condutor. Além disso, deve-se CORTAR A CORRENTE (ter atenção com a ideia de que se desligou a corrente e não ser verdade), mas nunca nos expormos ao risco de sermos nós próprios uma nova vítima da electricidade. Se não o pudermos fazer sem risco, chamar a companhia eléctrica para que corte a corrente na zona.

. Assim que isto esteja resolvido, proceder aos passos A-B-C, tendo sempre presente a possibilidade de lesão da coluna cervical, e aplicar os mecanismos de R.C.P necessários. Depois, já com a vítima em estado estável, tapar com gazes esterilizadas as lesões existentes e transportar para um Centro Hospitalar.
 

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