O Conteste, ou como se caçam pategos, perdão, patos...
O Conteste, em traços gerais, é uma actividade radiofónica, organizada por uma estação ou associação e tem por finalidade, a convivência civilizada e amistosa entre o maior número de estações em frequência.
É elaborado um regulamento que é distribuído ao maior número de pessoas.
O objectivo é : as estações envolvidas, contactem o maior número possível de outras estações e sempre diferentes, transmitindo uma mensagem previamente definida pelo regulamento.
Os concorrentes vão registando os seus contactos numa folha especifica que tem o nome de "log".
Quando o Conteste termina, as estações concorrentes enviam o respectivo "log" devidamente preenchido e acompanhado de uma cartolina QSL, que é o "cartão de apresentação" da estação envolvida nesta actividade, para a organização.
Esta, faz o escrutínio dos respectivos "log’s", comparando-os, para que seja detectada alguma irregularidade no preenchimento dos mesmos.
Depois dos resultados apurados, é atribuída pontuação aos contactos feitos.
As estações com mais contactos devidamente confirmados, obviamente serão a mais pontuadas e consequentemente as vencedoras.
Para aliciar e cativar o interesse para que haja um número elevado de participantes, a organização de quem promove esta actividade, atribui prémios aos participantes mais pontuados e atribui um Diploma e/ou QSL a todos os participantes escrutinados.
Até aqui tudo bem. Tudo bem, se os intervenientes no evento agirem de boa fé, com seriedade, honestidade e responsabilidade, como acontecia nos primeiros tempos da Banda do Cidadão em Portugal.
O que se assiste há alguns anos a esta parte, é que todos este valores estão viciados e invertidos. Actualmente, quem entra num Conteste já sabe à partida que o "jogo" está viciado. Há estações que se desdobram em várias, o mesmo operador faz contactos por si e por mais três ou quatro.
Inventam-se estações e confirmam-se os respectivos contactos sem eles existirem.
Registam-se contactos que nunca foram feitos, através de chamadas telefónicas ou na mesas dos cafés.
O que nos espanta, é o facto de muita gente saber que num Conteste, descaradamente acontecem estas coisas e continuam a participar na "palhaçada" e ficam caladinhos...
Será que nos tempos actuais, os Contestes só são Contestes se houver trafulhice a olho nú e falcatrua até dizer «chega»?
O que, há alguns anos a esta parte, era prazer, amizade e competitividade serena, agora é uma correria desenfreada por parte dos "papa taças", atropelando tudo e todos só com o único objectivo de preencher mais uns centímetros da sua prateleira de "troféus".
E para que tal seja uma realidade, vale tudo e mais alguma coisa. Vale tudo o que acima foi dito e muito mais...
Mas o mais grave, ainda não é tudo isto. O mais grave é quando o organizador do Conteste, transforma o mesmo num acto deliberadamente comercial e de aproveitamento próprio, com o conhecimento e consentimento dos concorrentes. Isto chegou a uma situação tão ridícula, caricata e descarada que só dá vontade de perguntar a certas pessoas o seguinte:
"Olhe!!! Desculpe...dá muita comichão ser otário? "
Então, como é possível que o organizador do evento seja também concorrente de pleno direito, usufruindo dos prémios se tiver classificação para tal?
Então a pessoa que controla a prova, recebe as confirmações, faz o escrutínio, julga e aplica as penalidades aos concorrentes com confirmações eventualmente mal feitas, enfim...a pessoa que põem e dispõem, tem os mesmos direitos de um concorrente normal? E as dúvidas daí resultantes? E quem nos diz, que para "papar" mais umas taças, o organizador-concorrente não mexe os cordelinhos a favor dele próprio?
Obviamente que sim.
Há provas.
E um Conteste, que se calhar é o mesmo de sempre e é organizado por um grupo CB dos arredores de Lisboa, que o macanudo concorrente para confirmar o contacto, tem que enviar 500$00 (?) "...para portes de envio." ? (sic) Isto não é um Conteste. Isto é uma caçada aos patos...
Será justo os macanudos andarem a financiar um clube CB, de que não são sócios? Então o que fazem os "dirigentes" desse grupo durante o ano para terem um fundo de maneio? Então os dinheiros recebidos da autarquia? Então as taças que os comerciantes locais oferecem (até sobram taças...)? Então a cotização dos sócios desse grupo?
Será necessários os concorrentes enviarem 500$00 para «portes de envio»?
Se é para portes de envio, porque é que não pedem 3 ou 4 selos de 51$00? Assim já se admitia e até era justo. Todos nós sabemos que as organizações cebeístas não têm capacidade financeira para sobreviver e todas as ajudas são benvindas. Mas, agora uma coisa é ajudar, outra é financiar. Os macanudos não têm obrigação de fazer o trabalho que compete aos dirigentes dos clubes.
Os órgãos sociais são eleitos para quê?
Para terminar, só queremos alertar para o que se está a passar. Nada mais. Concorre quem quer e para tal ninguém é obrigado. Cada um come do que gosta e ninguém tem nada com isso...
Adeus, até ao meu regresso.
Luís Forra
Estação CB "Dakota Bravo"
Março de 1998
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