A “bolha de sabão” que são as radiocomunicações de urgência e emergência produzidas pelo sistema.
É urgentemente abrir os olhos e ouvidos e não confiar demasiado nos que tentam impingir as mentiradas do costume. Eles (poder instalado), querem-nos meter pelos olhos dentro, que tudo está bem e nada nos vai acontecer, porque nada se pode antever.
E quando a calamidade acontece? Quem está conveniente e profissionalmente preparado para o pior? Quem esqueceu o fiasco que foi, em termos de radiocomunicações e não só, o último simulacro organizado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil em 22 de Novembro de 2008?
Agora, é em Maio de 2009 que a barracada de 22 de Novembro de 2008 vai ter a 2ª edição. Será desta que as radiocomunicações vão funcionar, justificando o gasto de QUINHENTOS MILHÕES DE EUROS numa coisa, pomposamente, chamada de SIRESP.
A propósito de radiocomunicações de emergência e Protecção Civil, ocorre-nos fazer, com toda a legitimidade e pertinência, a seguinte pergunta: qual a razão que levou os radioamadores não serem chamados a colaborar com a Protecção Civil no simulacro de 22 de Novembro de 2008? Então, em 17 de Abril de 2004 na Cidade da Figueira da Foz, com pompa provinciana, e circunstância a mais, não foi assinado um “protocolo” entra associações de radioamadores e a Protecção Civil? Na “passarele” montada na Figueira da Foz só houve lugar ao desfile da vaidade, presunção e arrogância de um punhado de radioprofissonais travestidos de amadores? Quando as coisas acontecem, as sumidades não são chamadas para o teatro de operações? Então não se cumpre com um protocolo que no seu primeiro ponto diz o seguinte:
O presente protocolo visa criar condições para que, no âmbito das comunicações de emergência, sejam exploradas as potencialidades e características do radioamadorismo, em prol da actividade de Protecção Civil, com o objectivo de, em caso de acidente grave, catástrofe ou calamidade, poderem ser desencadeadas de imediato as mais urgentes medidas de socorro, contribuindo para o restabelecimento e robustecimento das comunicações de emergência.
Se em 17 de Abril de 2004, na Figueira da Foz, em vez de gastarem tanto latim e exibir tanto penacho num Seminário subordinado ao tema "A Protecção Civil e os Radioamadores", findo o qual foi assinado um protocolo entre as Associações de radioamadores e o SNBPC - Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, tivessem promovido a costumeira almoçarada seguida de colóquio cujo tema seria: “como fazer flutuar uma rolha no éter” e para terminar mais uma feira, sem barracas, fariam melhor figura. Assim, não teriam sido esquecidos e desprezados pelo parceiro protocolar.
E depois digam que os MACANUDOS são malucos ao querem organizar-se. Nós por cá, vamos tentar reunir vontades e construir uma pequena rede de radiocomunicações de emergência, mas sem interferências e dependência de qualquer “Autoridade Nacional”, seja ela qual for.
Não queremos confrontos com ninguém, nem estabelecer comparações com quer que seja. Queremos ser nós próprios, com a ajuda e colaboração dos aderentes a este projecto, a fazer a coisa como pensamos que pode ser feita. Se lembramos a ocorrência ridícula que teve lugar na Figueira da Foz, não é com intenção de denegrir o que quer seja. Mas sim de, mais uma vez, estar demonstrado na prática que, em termos globais, Protecção Civil e radioamadorismo continuam de costas voltadas, como muitas outras coisas andam, infelizmente, de costas voltadas para todos nós, portugueses.
Queremos demonstrar que os 27MHz é uma frequência alternativa às que não funcionam quando são necessárias, podendo oferecer um contributo que grande utilidade, sem ser necessário uma estrutura pesada e burocraticamente hierarquizada para funcionar com sucesso quando tudo falha.
Pensamos que em termos de radiocomunicações caseiras e não profissionais (radioamadorismo e CB), os seus protagonistas não estão preparados para dar uma contribuição sustentada quando são chamados a dar o seu contributo operacional numa situação de grande catástrofe.
Em nossa opinião, os simulacros que têm sido organizados, além de serem insuficientes, têm como objectivos principais justificar os milhões de Euros gastos em infra-estruturas e meios técnicos que na prática demonstram a sua ineficácia devido a uma gestão desadequada e inoperante.
As estruturas de socorro, urgência e emergência, a nível nacional, têm a tendência doentia de se gladiarem e complicarem o que é simples, devido à vaidade e incompetência de algumas hierarquias desajustadas das actuais realidades.
Os orçamentos de fome com que os ministérios contemplam os variados serviços que tutelam, também ajudam à barafunda que por vezes temos oportunidade de assistir quando alguns dos contemplados são entrevistados por algum canal televisivo.
Não percebemos porque não é realizado um trabalho de base, e a operacionalidade dos meios de emergência existentes não é testado e postos em prática como um sistema de rede de malha miúda, tipo técnica celular. O todo tem de depender das partes, e não o contrário.
Os simulacros deviam acontecer em maior número e a nível local, ou regional e nas zonas, identificadas, onde são mais susceptíveis de ocorrerem sismos de várias intensidades.
Os simulacros que são efectuados e publicitados nos órgãos de comunicação social, parecem ser mais uns meros exercícios de retórica corporal do que propriamente uma acção objectiva e fundamentada no que é essencial, desprezando o acessório que só atrapalha quem está agarrado a um microfone a coordenar, ou simplesmente a descarregar para éter informações vitais que podem salvar muitas vidas.
Qual o interesse em mostrar a imagem dos habitais figurantes mascarados de mortos e feridos com posturas teatrais despropositadas?
Porque não se vai ao fundo do essencial e mostrar ao grande público como funciona uma verdadeira rede de radiocomunicações de emergência? Seria interessante, e até teria um efeito terapêutico na desconfiança nutrida e demonstrada pelo grande público em relação às forças de saúde e emergência, resultante das “borregadas”, palermices e palhaças que nos são oferecidas pelo INEM, Autoridade Nacional de Protecção Civil, Liga dos Bombeiros e outros tais.
Ou será que nos simulacros a via principal a ser utilizada nas comunicações são os telemóveis?!
Num simulacro de um grande terramoto, tal como recentemente aconteceu no centro de Itália na região de Abruzzo, onde o teatro de operações se situasse numa grande região, abrangendo a maior parte dos Concelhos de Lisboa e Vale do Tejo, era reconfortante para todos nós, termos a possibilidade de observar como funciona a articulação das radiocomunicações de urgência e emergência entre a Protecção Civil, INEM, GNR, PSP, radioamadores, centros coordenadores ministeriais, concelhio, distritais, regionais, locais, e outros intervenientes.
Seria a grande oportunidade de constatar a competência técnica, operacional e o espírito de sacrifício de todos os operacionais ao serviço das entidades envolvidas neste grande sistema de inter-radiocomunicações.
Além disso, os contribuintes rejubilavam de alegria, constatando que o dinheiro dos altos impostos que lhes é sacado pelo sistema, estava a ter uma excepcional aplicação prática e humanitária.
Além do SIRESP que nos custou QUINHENTOS MILHÕES DE EUROS, agora a Autoridade Nacional de Protecção Civil dispõe, também, de um Centro Táctico de Comando (CETAC), orçado em cerca de UM MILHÃO DE EUROS, para ser utilizado em ocorrências de longa duração, dimensão e complexidade, como sismos e incêndios. Parabéns pela aquisição de tão sofisticada plataforma de trabalho.
Vamos ficar atentos ao que vai acontecer no próximo simulacro que decorre no próximo mês de Maio. Nós por cá, se o sistema funcionar como tem funcionado até agora, não acreditamos no êxito da coisa. A ver vamos…
Luís Forra
16/04/2010
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