Alguns desabafos na primeira pessoa

«Gostei do que vi e do que senti.»
Na qualidade de sócio e elemento dos Órgãos Sociais de “Os Marafados CB Clube” - Portimão, estive presente no almoço comemorativo do 24º aniversário desta Associação CB, realizado no passado Domingo, dia 29 de Novembro do corrente ano de 2009.
Gostei do que vi e do que senti. Gostei de sentir que ainda existe, no seio dos associados presentes, e das famílias que acompanharam alguns, um espírito de paz e concórdia. Gostei de ver que alguns associados percorreram algumas centenas de quilómetros para estarem presentes, confraternizando e recordando os bons momentos passados ao microfone do CB.
Oitenta e poucas pessoas sentaram-se a uma mesa, onde imperou a qualidade e a fartura, a um preço acessível às bolsas de cada um, apesar dos tempos difíceis que todos nós estamos a atravessar. Algumas velhas glórias do radioamadorismo algarvio fizeram-se presentes, não porque sejam cebeístas, mas porque são associados. É sintomático. A Junta de Freguesia de Portimão esteve representada, e a Exm.ª Dr.ª Cristina Catuna, advogada do Clube, mais uma vez foi a madrinha deste convívio.
Após o apagar das velas, e da entrega das fatias do gigante bolo de anos, procedeu-se à distribuição dos troféus e Diplomas alusivos ao 14º Conteste e das presenças no almoço, respectivamente.
À Liga CB foi oferecida uma placa alusiva à efeméride.
Sem balbúrdias, onde não se ouviram “cantigas de escárnio e maldizer”, nem tão pouco o deus Baco brindou os seus mais fervorosos seguidores com os efeitos do néctar supremo, despedi-me dos presentes até ao próximo encontro que será em Fevereiro de 2010, quando da Assembleia-geral da Associação.
«Actualmente, a Banda do Cidadão, como era no seu início, está morta e enterrada.»
Durante o percurso de 315 quilómetros que separa Portimão da minha casa, e ainda com o espírito a não querer deixar o local daquele encontro, senti a nostalgia do tempo passado em que ser cebeísta despertava um sentimento de orgulho e até de júbilo. Nesses tempos passados, a Banda do Cidadão era reconhecida como “pessoa de bem” e de utilidade pública. Tudo se perdeu e nada se construiu.
O que resta agora, desses tempos de glória, são alguns pedaços desse velho paradigma (como agora se diz) onde muitos saudosistas ainda se agarram com força e desespero, tentando em vão, alimentar o sonho perdido.
Actualmente, a Banda do Cidadão, com era no seu início, está morta e enterrada. O que hoje se faz são puros exercícios de recordações sem consequências e isentos de resultados práticos.
Acabou a solidariedade entre utentes do CB. A consciência cebeísta deixou de existir, pois quem utiliza a frequência é simplesmente para transmitir uma mensagem a alguém que está no outro lado, não se preocupando com regras de conduta de qualquer tipo. Para esses, o Banda do Cidadão é o mesmo que um telefone; só que não se pagam chamadas. Os 27MHz são um meio para atingir um fim, não despertando interesse algum com as potencialidades que oferece como um passatempo radiofónico de cunho amador. Nem tal, lhes interessa. Portanto, de cebeístas, nada têm. Cebeístas, há-os, mas muito poucos.
«Se não temos “ajudas” dos euro-profetas e contadores de histórias para nos adormecer, nós só temos é que ignorá-los.»
Se alguma coisa ainda vai “mexendo”, em termos de actividade rádio CB, é devido à “carolice” de alguns desses que se dispõem a gastar do seu bolso, do seu tempo e da sua paciência, pondo em prática, por vezes com ajudas mínimas, o seus ideais dos bons tempos em que o respeito e a educação eram bens a defender, não só em frequência como pessoalmente.
Esta coisa de defender, dignificar e divulgar o pouco que resta da Banda do Cidadão, não resulta só com conversa baseada em ideias muito bonitas e reivindicações isentas de objectividade e consistência. É necessário trabalho de campo, gastando tempo, aproveitando alguns fins-de-semana para encontros com quem se sinta motivado para avançar com coisas palpáveis.
Não há tempo, nem paciência, para andar a picar a “besta” com alfinetes. Se a “besta” não nos reconhece, nós, cebeístas activos, não reconheceremos a “besta”, nem as leis que a mesma, injustamente, nos impôs. Se não temos “ajudas” dos euro-profetas e contadores de histórias para nos adormecer, nós só temos é que ignorá-los. Se, apesar de estarem todos, e tudo contra nós, ainda temos força e ânimo para continuarmos a “fazer” rádio, como até aqui, sem nos importarmos com “potências aparentes radiadas” nem com regulamentações para “chinês ler”.
A nossa lei é fomentar o respeito e a educação em frequência e levar a cabo o projecto da REDE CB.
Após o Inverno, voltaremos à acção. O resto é conversa da treta.
«Actualmente só vejo “defensores” da Banda do Cidadão de sofá, e “olha lá o meu”. Será necessário fazer um desenho para ser compreendido?»
Quando, no Algarve, a Stela Marreiros e o Manuel Marreiros não poderem, de todo, estar à frente de “Os Marafados CB Clube”, não irá passar muito tempo para assistirmos ao encerramento das portas desta Associação.
Quando, em Tomar, o Fernando Seixo, se vir impossibilitado de promover as suas actividades cebeístas e continuar com a luta que tem desenvolvido, a “ANARCB-DX” desaparece e o CB naquela região apaga-se.
Quando, em Almada, acontecer o mesmo ao Luís Forra, a “A Liga CB”, “o Grupo de Expedições Rádio CB” e o “Portugal Rádio CB”, vão por água abaixo, acabando as actividades cebeístas, e não só…
Já ninguém recorda do que eu dizia em relação à “Associação Malucos do Rádio” do Barreiro? Pois é. O Henrique, estação CB “Caveirinha” adoeceu gravemente e toda a actividade cebeísta existente daquela região desapareceu.
Quando os cebeístas militantes desaparecem de cena, todo o trabalho desenvolvido, até então, deixa de ter continuidade, porque não existe ninguém que tenha vontade, força anímica e/ou condições materiais para continuar a desenvolver os projectos previstos. É o que me farto de dizer: todos falam, mas ninguém faz nada. A fazer alguma coisa que se veja, são sempre os mesmos.
Actualmente só vejo “defensores” da Banda do Cidadão de sofá, e “olha lá o meu”. Será necessário fazer um desenho para ser compreendido?
A verdade, nua e crua, é esta. Haja alguém que apareça para contestá-la e apresentar uma alternativa válida e coerente.
«Portanto, para mim, tanto faz… Com esta lei ou uma alteração à mesma, continuo a afirmar: “vira o disco e toca o mesmo»

Deixei de ser o “calimero” habitual, como dizia, e com razão, o colega Jorge Faustino, estação CB “Diodo”, da Amadora. Para quem quer, como eu, continuar a “fazer” rádio CB, não me vou preocupar com o que, eventualmente, poderei usufruir, caso haja uma alteração à actual lei, porque não acredito que tal suceda. Numa hipotética possibilidade de uma alteração à lei, nada muda. Tudo fica na mesma.
Que me importa o aumento da potência, se o CB continua a ser o urinol e a fossa do espectro radioeléctrico nacional, devido à infame e fétida utilização da frequência por um enorme bando de energúmenos rádio-rolantes feios, porcos e maus?
Que me importa o aumento de potência, se o venenoso PLC interfere o meu equipamento de CB com um sinal constante e ensurdecedor, privando-me de qualquer tipo de radiocomunicação?
Que me importa o aumento de potência, se o CB continua a ser uma frequência não reconhecida e totalmente desprotegida? Estou sempre na contingência de ser incomodado pelos executores das ordens emanadas da “besta”, porque o meu vizinho do lado não gosta de ver as minhas antenas instaladas no telhado da minha casa e queixou-se à “besta”, alegando que o meu equipamento CB interfere nos seus aparelhos domésticos.
Portanto, para mim, tanto faz… Com esta lei ou uma alteração à mesma, continuo a afirmar: “vira o disco e toca o mesmo”. Não “gasto munições” dando tiros no pé.
Adeus e até ao meu regresso.

Por um CB livre…de claras em castelo.

Luís Forra
1 de Dezembro de 2009

 

 

 

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