EU VOU AO COLÓQUIO

Conforme tem sido amplamente divulgado, em especial pela comunidade cebeísta portuguesa, vai realizar-se na cidade de Tomar um colóquio sobre a Banda do Cidadão.
Por lapso da organização deste evento, o tema escolhido para ser debatido neste colóquio seria: “fazer amigos”. O que em nossa modesta opinião, tal tema não justifica a realização de qualquer tipo de colóquio, apesar de haver no seio dos utilizadores do CB em Portugal, a tendência para globalizar (como agora se diz) a ideia da “amizade” entre todos.
A meta prioritária seria alcançar os primeiros “27 mil amigos”, igualando a quantidade de criaturas, aos Hz’s utilizados pelo CB e que andam por aí espalhados pelo espectro radioeléctrico…
Felizmente, e desta vez, apesar dos “amigos” estarem presentes, sobre eles nada será dito. Talvez se aflore o tema da “amizade” durante o repasto que irá anteceder o colóquio.

Estando este ponto esclarecido, ou seja, tendo-se a certeza que no dito colóquio não terá lugar qualquer tipo de conversa de chácha, quais os temas que irão estar presentes nesta palestra?
Por coincidência, a ANACOM iniciou, no passado mês de Novembro, o envio de ofícios aos utentes da Banda do Cidadão informando-os da consumação do estipulado no ponto 1º do artigo nº 16 do Decreto-Lei nº 47/2000 de 24 de Março.
Como era de calcular, a reacção dos utentes do CB a esta, mais que esperada e anunciada, missiva vinda da entidade da tutela, foi tempestuosa e deixou “meio-mundo” em polvorosa. Não entendemos porquê tanta algazarra sobre uma matéria que já é conhecida por todos, há seis anos.
Mas como os habitantes desta república das bananas deixam tudo para a última da hora, e o hábito do não cumprimento da lei ainda está enraizado na nossa alma de contribuintes massacrados pelo ávido e doentio saque do nosso dinheiro, destinado ao esbanjamento praticado pelos “pais da pátria”, que democraticamente elegemos, é de admitir que muita gente estivesse convencida que a “coisa” seria esquecida e a lei não iria ser cumprida, como muitas outras não são…Enganam-se.

Com as licenças radioeléctricas caducadas a partir de 31 de Dezembro de 2006, impossibilitando (teoricamente) a utilização dos transceptores nelas registadas, muita boa gente, que andava por aí distraída (e outros a fingir que tal), pergunta: então, agora o que faço aos meus equipamentos da Banda do Cidadão que ficaram “deslicenciados”?
Ora, aqui está um tema excelente para ser debatido no colóquio. Mais! Esta matéria vai despoletar uma série de problemas subjacentes, levantando a tão pertinente pergunta: e agora como vai ser?

É no dia 9 de Dezembro de 2006, pelas 14:30 H, no auditório da Biblioteca Dr. António Cartaxo, cedido pela Câmara Municipal de Tomar, que vamos ouvir as opiniões, sugestões, conselhos, conjecturas, sentenças, críticas, soluções e sei lá que mais, dos que estarão presentes e motivados para, publicamente, exprimir tudo o que sabe sobre todas as matérias relativas à tão “espezinhada” rameira do espectro radioeléctrico português.

Uma pergunta pessoal que não poderei deixar de fazer, devido às circunstâncias actuais: não seria interessante e politico-culturalmente correcto que estivessem presentes neste encontro, os que intencionalmente e há alguns anos atrás, se serviram dos então abundantes atributos dessa “meretriz” chamada Banda do Cidadão, desfrutando, na altura, das agora esquecidas potencialidades dessa “desgraçada”?
A fuga desses ex-cebeístas envergonhados para o perfumado e acolhedor regaço da outra “dama”, abastada, catedrática e senhora feudal de certas elites radiofónicas, ter-lhes-á afectado o discernimento? Será que já recuperaram da falta de coragem demonstrada na debanda apressada, porque para eles, o “navio” estava a afunda-se? É mais cómodo fugir do que lutar.
Com a memória tão curta, com o pretensiosismo e a hipocrisia instalada na alma, seria uma vergonha para muitos “fugitivos”, ter que tirar a máscara e afirmar publicamente que foi com aquela “gaja” que aprendeu a "fazer rádio". Como reagiria a tertúlia supra radiofónica habitual, onde se ensaiam os mais sábios exercícios de electrotecnia de ponta?
Obviamente que as letras e números identificadores desse “proscrito” ficariam apontados no índex do grão-mestre do clã, e seria condenado ao desterro, ficando irremediavelmente afastados do santo convívio das sumidades. Era o estigma para toda a vida.
Mudam-se os tempos, mudam-se as frequências…e mudam-se as personalidades.
Este quadro faz-me lembrar a história da filha do taberneiro e do estudante universitário. É contada por muitos, por ser verídica e ter acontecido por várias vezes ao longo de muitos anos. É o espelho da condição humana e da sujeição ao sistema, seja ele qual for. Politico, económico, religioso, familiar, local, etc. Não importa qual, pois cada um tem e seu preço. Nem que se tenha que o pagar com a própria vida. Mas isso é outro assunto.

Eu vou ao colóquio. Sem máscaras, sem subterfúgios, sem mentiras. Vou na condição de cebeísta divulgador, já há muitos anos, da Banda do Cidadão na frequência (seja ela qual for) e na Internet. Vou como dirigente associativo, radioamador e homem de uma cara só e de uma só vontade.
Vou para, mais uma vez, tentar contribuir para que o CB continue a ser uma frequência onde se aprende o bom e o mau. Onde as pessoas são iguais, fraternas e solidárias, deixando a vaidade e os título académicos no patamar de entrada da escola da rádio. Onde o ordinário e o desprezível utilizador da Banda do Cidadão, tem uma função pedagógica e extremamente importante ao ser um exemplo de tudo aquilo que um homem, e um radioamador nunca poderá ser. É esta a escola da vida. É esta a escola da rádio.

Luís Forra
Estação CB “Dakota Bravo”
CT1BAS
5/12/2006

 

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