Porquê tanta admiração? (a propósito das mudanças na CB no final de 2006)

Temos, nos últimos dias, assistido a alguma indignação sobre o futuro da CB em Portugal a partir do final deste ano (2006).
Que afinal, apesar de alguma esperança por muito remota que fosse, o futuro da CB fosse um pouco melhor do aquele que se avizinha.
O que se passou foi apenas que durante cerca de seis anos nos estivemos a enganar a nós próprios, com ideias de que alguma divindade viesse ainda tempo de remediar o que há muito estava traçado: o fim da CB tal como conhecemos e aprendemos a gostar.
Tudo o que pudesse ter sido feito em nada iria alterar o que estava delineado pelos "génios" que regulam estas coisas. Tal como sempre disse, a comunidade cibista não tem expressão na sociedade e tem sido ultrapassada por outras actividades mais lucrativas.
Mesmo em situações em que macanudos dedicados à causa se prontificaram em promover actividades para bem da sociedade, as mesmas foram desvalorizadas pelas entidades que lhes deviam ter dado o valor que mereciam.
O total desprezo das entidades oficiais tem sido uma constante na história da CB. Desde sempre que esses palermas se têm disponibilizado mais facilmente para espezinhar macanudos do que para os apoiar quando tinham razão. Podia encher páginas de exemplos que eu próprio conheço, mas de certeza que também tem casos que conhece.
A culpa é sempre das estações CB, dos macanudos... nunca dos outros. Sempre foi assim!!! O que nos resta?
A clandestinidade sem dúvida. A CB em móvel levou o último tiro nas costas. Não estou a ver ninguém arriscar a andar na sua viatura com um rádio que se arrisca a ser apreendido pelas entidades policiais.
Eu não o farei com certeza e não recomendo a ninguém que o faça. Se bem que acho que esses agentes deviam talvez investir o seu tempo a prender ladrões que a caçar cibistas, mas enfim... Comprar outro rádio para esse fim também está fora de questão e além do mais, com a potência de 1 watt em AM devo chegar muito longe... A minha "bolachinha" sempre chegou e não estou disponível para encher os bolsos ao estado com mais despesas forçadas para algo que não me vai servir de muito.
Na base poderei ainda arriscar a falar com o meu velho rádio, mas estarei sempre com o coração nas mãos até ser apanhado. O que fazer?
Deixo à consideração do leitor pois não devo dizer directamente que não cumpram as leis. Seria politicamente incorrecto. Digo apenas que não pretendo abandonar ainda. De facto, a CB ainda não vai acabar alguns apregoam por aí. O que vai acabar é a CB como está e com muito mais limitações. O fim das licenças dos aparelhos, que à primeira vista até podia ser benéfico parece que mais não vai ser que uma dor de cabeça.
Acabam-se as licenças mas temos que andar com um Declaração de conformidade que mais não é que uma declaração a dizer que o aparelho está conforme a legislação que vigorará a partir de 2007, além de outras coisas como a necessidade de sermos ser portadores do livro de instruções dos aparelhos onde nos mesmo tem que existir uma tabela de países com limitações particulares ao uso da CB.
Resumindo, troca-se um papel por uma resma de papeis. Imagine-se na viatura com esta papelada toda. Andou-se de cavalo para burro. Para mais informações recomendo que visite o site da Portugal Rádio CB. O que se está a passar não é mais que a continuação do que sempre se passou.
Quero eu dizer que isto é a continuação da tentativa de acabar com a Banda do Cidadão. E por este andar vão conseguir.
Deixo uma pergunta, porque é que a ANACOM não criou uma alternativa para aqueles que para cumprir a lei estão dispostos a mandar modificar os seus equipamentos e a submete-los a aprovação da mesma e assim obter o tal Certificado de Conformidade? Isso sim era trabalho bem feito.
Quanto a esse assunto, parece que esse certificado apenas é obtido na compra de equipamentos novos e são passados pelo fabricante. Coisa besta, não é? E o meu rádio velho, mando para o lixo ou envio como donativo para os PALOP? Responda quem souber.

Carlos Carvalho
Lusitânia CB
www.lusitaniacb.com
3 de Novembro de 2006

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