A italianização do "Clube Rádio Costa Verde"

Será que, com a italianização do "Clube Rádio Costa Verde", o Galo de Barcelos, que é o seu logotipo, continuará a cantar a “Chula” do Minho, ou a “Traviatta” de Verdi? Ou ter-lhe-ão cortado o piú? Quem se lembra do Clube CB Costa Verde?

Era no Porto e um dos mais activos e dinâmicos dentro da Banda do Cidadão.
Na primeira fase da sua existência, os seus fundadores e dirigentes contribuíram, de uma forma louvável, para a divulgação do CB, não só em Portugal como por todo o mundo onde chegavam as emissões dos seus equipamentos dos 27 Mhz.
O valor e a qualidade dos concursos de DX, promovidos e protagonizados pelos seus associados, foi reconhecido internacionalmente, tornando-se o Clube CB Costa Verde uma referência no panorama mundial do contacto à longa distância dentro da faixa dos 27 MHz atribuída à Banda do Cidadão.

A nível nacional, a tal imagem de referência que o Clube CB Costa Verde detinha internacionalmente, não tinha o mesmo brilho nem a mesma qualidade, devido ao envolvimento de alguns dos seus elementos, mais válidos, nas desavenças no seio do dirigismo cebeísta português.
As lutas inconsequentes e patéticas que as três Federações da Banda do Cidadão, existente na época (Norte, Centro, Sul e Ilhas), levaram a efeito, só contribuíram para o divisionismo e a frustração de grande parte dos cebeísta da altura.

O tempo veio a demonstrar tudo: as Federações (?) deixaram de existir, servindo somente de arena, onde, alguns dos seus dirigentes (?), gladiavam vaidades, mentiras, politiquices, interesses mesquinhos e não só. Tudo em nome da DIGNIFICAÇÃO DA BANDA DO CIDADÃO, como muito deles gostavam de afirmar em público.
Nunca ninguém, destes "ilusionistas", consegui justificar certas situações e movimentos menos claros, e nada esclarecidos, por eles protagonizados.
Iniciaram a construção da casa (abarracada) pelo telhado, convidando os “amigos de Peniche” (para não dizer outra coisa) para uma grande almoçarada, cuja ementa era uma grande omoleta.
O problema é que não havia ovos. Ou melhor, ovos havia, mas não eram em quantidade para cozinhar uma omoleta suficientemente grande para encher a “pança” de certos “amigos”. Mas isso é outra história, que já pertence ao passado. Já prescreveu... Adiante...

A segunda fase da vida do Clube CB Costa Verde é caracterizada por três factos significativos.
O primeiro facto, é o afastamento progressivo das suas actividades cebeístas para fora da faixa de frequência atribuída, por Lei, à Banda do Cidadão, onde até foi criado um QAP. Com esta atitude e nestes termos, cebeístas não poderiam ser considerados pois operavam, como piratas e fora da Lei.

O segundo facto consiste na tendência para uma grande aproximação e cópia fiel do modo como os radioamadores operam e agem.
Era uma atitude demasiadamente forte e evidente para ser ignorada, chegando mesmo ao ponto de, aos prefixos usados pelos seus associados, serem acrescentados as letras CT. Se, cebeístas não poderiam ser considerados e radioamadores muito menos, como é que se poderiam considerar estes operadores de rádio? Logicamente, rádio-piratas, que muitos gostam chamar de “dx’ers”...

Até aí, não vinha mal ao mundo. As actividades dos rádio-piratas “dx’ers”, comparadas com as atrocidades cometidas pelos vândalos e terroristas radiofónicos que proliferavam dentro da faixa oficialmente atribuída à Banda do Cidadão em Portugal, eram actos angélicos e inocentes.

O terceiro facto, é a arrogante intolerância e o autismo no discurso de alguns dos seus dirigentes, não só em relação aos acontecimentos, que na época marcaram a Banda do Cidadão, como também aos demais utilizadores do CB, que não se identificavam com a forma de actuação dos mesmos, nem tão pouco com a nova mentalidade reinante tão bem defendida por uma, ou outra mente “esclarecida”.
O espírito elitistas estava bem presente nas mensagens transmitidas, acompanhado por um complexo de superioridade completamente desenquadrado, o que era natural.
Notava-se uma mistura do culto da verdade ser património próprio e exclusivo, com o institucionalmente certo, de acordo com os moldes clássicos do sistema.
Ou seja, se não for assim, não é. Porque parece mal...
O narcisismo empregue na adjectivação da realização das suas actividades e galardões, era de facto confrangedor aos olhos e aos ouvidos de quem não dissesse “amén” às sua teorias e presságios. Bastava ler o "The Costa Verde Callbook" para 1999.
Até o nome de “Clube CB Costa Verde” foi mudado para “Costa Verde Rádio Clube” (ofício enviado aos membros em 3 de Novembro de 1999), desaparecendo a palavra CB, com uma justificação, se não caricata, pelo menos insólita.
Até se fez justiça, pois há muito tempo, que já não se justificava estas duas letras no nome do Clube, porque de CB só havia a memória longínqua dos bons velhos tempos.

A terceira, e actual fase do ex-“Clube CB Costa Verde” e do ex-“Costa Verde Rádio Clube”, aparece à luz do dia como “Clube Rádio Costa Verde” em http://www.terravista.pt/Enseada/1429/.
Uma página com o logotipo do “Clube Rádio Costa Verde”, que é a famosa peça de louça regional portuguesa, o Galo de Barcelos, acompanhado do seguinte texto:

CLUBE RADIO COSTA VERDE - HOME PAGE
Este site é dedicado ao Luís Barroco, CV 248 CT
This site is a tribute to Luís Barroco, CV 248 CT.
O nosso Site encontra-se de momento em Manutenção.
Obrigado pela sua compreensão.
Our Site is temporarly under revision.
Thanks for your understanding.

Mas o curioso disto tudo é que, apesar de estar anunciado na dita página que o “site” se encontra em manutenção, descobri na Internet que, afinal de contas, há um site activo de um tal “Rádio Club (sem “e”) Costa Verde” em Itália, com o mesmo logotipo do “ex-“Clube CB Costa Verde” e do ex-“Costa Verde Rádio Clube” e actual “Clube Rádio Costa Verde”.

Entrando em http://www.geocities.com/stef71.geo/1983.html , a confusão é total. Fiquei um pouco baralhado com o que vi e li, levando-me a fazer as seguintes perguntas a mim mesmo:

1 - O “Rádio Club Costa Verde” de Itália terá alguma coisa a ver com o “Clube Rádio Costa Verde” de Portugal?

2 - Se tem a ver, o que é o “Rádio Club Costa Verde” de Itália, em relação ao “Clube Rádio Costa Verde” de Portugal?
a) Delegação?
b) Representante?
c) Extensão?
d) Nem uma coisa nem outra?

3 - Se não tem a ver, o que é que se está a passar?
a) O “Clube Rádio Costa Verde” de Portugal foi vendido, alugado, cedido ou exportado para Itália?
b) A imagem do Galo de Barcelos, continua portuguesa ou já foi italianizada?

Não seria de bom tom e muito mais correcto, que na página do “Clube Rádio Costa Verde” houvesse uma explicação, de preferência escrita em português, sobre o que se está a passar?
No “site” do “Clube Rádio Costa Verde” de Itália em: http://www.geocities.com/stef71.geo/1983.html, parece haver uma explicação para esta modificação, mas é para italiano ler. Nem todos somos letrados ao ponto de sabermos ler e compreender italiano.
Será que, com a italianização do "Clube Rádio Costa Verde", o Galo de Barcelos, que é o seu logotipo, continuará a cantar a “Chula” do Minho, ou a “Traviatta” de Verdi?
Ou ter-lhe-ão cortado o piú?
Algum português que saiba italiano e que tivesse lido este artigo, poderá informar o que se passa?
Agradecido.

Luís Forra
Estação CB "Dakota Bravo"
Junho de 2003

COMENTÁRIOS

Nome: José Almeida
Estacão CB: jema cqj 4278
Localidade: Custóias
E-mail:
Date: 12 June, 2003
Time: 19:11 Comentários:

Não sei nada sobre o que li mas vou tentar saber algo sobre o assunto, como? Ainda não sei.
Um abraço.

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Nome: Rodrigues
Estacão CB: SKY 90
Localidade: Barcelos
E-mail: avozdosgalos@netc.pt
Date: 13 June, 2003
Time: 08:59

Comentários:
Olá.
Para já, censuro a utilização do "Galo de Barcelos" como logotipo, e principalmente a sua hipotética "ida para fora de portas"!
O Clube CR A Voz dos Galos, um dos primeiros clubes a ser fundado no norte ainda não morreu! Está bastante moribundo e muito debilitado, MAS AINDA VIVO. E este sim é que tem como logotipo o Galo de Barcelos.
Nota: Saudações a Luís Forra

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Nome: ÁLVARO ROCHA
Estação CB: NIKON
Localidade: PORTO
E-mail: 
Date: 13 June, 2003
Time: 14:48

Comentários:

Caro Forra :
Segundo o que me informaram, o Club COSTA VERDE, passou a ser dirigido por Itália, a partir de um dos operadores mais activos que o CV tinha na Europa, ou seja o CV 24 I Ponti Stefano, que já na altura dos dias de glória do CV era (e é????) Vice-Presidente honorário, representante de Itália , e Presidente da secção de Radiotelegrafia CB.
Ora o que levou Itália a tomar as rédeas do CV ???? simplesmente o Presidente da MAG (CV 1 CT) Tony, devido a problemas de ordem profissional, não estava disponível para continuar a obra.....depois ........infelizmente ocorreu a morte inesperada do Luís Barroco, que era sem sombra de dúvida o maior impulsionador do CV, quer em dinamismo quer em qualidade e sobretudo em honestidade. Após a morte deste, mais ninguém da direcção desejou pegar no CV.......este para não se auto-extinguir, passou a ser gerido a partir de Itália. Bom........isto foi a história que me contaram, caro Forra......se é verdade ou não, efectivamente não o sei, uma vez que desde 1998 que deixei de fazer parte do CV.
Álvaro Rocha
Porto

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Nome: Jorge Manuel Sousa
Estação CB: Vigilância CB
Localidade: Oeiras
E-mail: 
Date: 13 June, 2003
Time: 17:28

Comentários:

Na minha ideia penso que o rádio clube cb Costa verde deu mesmo o píu; como se fosse um ponto final á banda do cidadão!!

Nome: Fernando Mourão Gonçalves Seixo
Estação CB: Estrela do Nabão cqe8442 ct2igl
Localidade: Tomar
E-mail: 
Date: 14 June, 2003
Time: 18:01

Comentários:

Hora vejamos; não tenho muitos comentários a fazer no que acabo de ler, contudo neste Portugal democrático, vale tudo e tudo, talvez o logotipo possa valer uns milhões de Euros.

Nome: Francisco Domingues
Estação CB: Dinossauro
Localidade: Lisboa
Date: 18 June, 2003
Time: 18:21

Comentários:

Caro Luís,

Ao ler o seu comentário sobre o Clube CB Costa Verde, não pude deixar de me entristecer com a forma menos correcta, como o tratou.

É obvio que sabe as alterações, mais ou menos rocambolescas porque passou o Clube CB Costa Verde (sendo que eu me recuso a pronunciar sobre tais alterações), mas não é justo, agora que o clube está a atravessar um período menos bom, que o ataque de forma vexatória, como fez.

O que se passou no clube foi explicado a quem de direito (os seus membros), que em tempo oportuno, fizeram a escolha de continuar ou não a acreditar no clube.

Um abraço amigo,

Francisco Domingues
Estação CB "Dinossauro"

RESPOSTA AO FRANCISCO DOMINGUES

Caro Francisco

O meu comentário não passa disso mesmo. Ou seja, é somente um comentário sobre uma realidade, essa sim, em minha opinião e utilizando uma expressão sua, rocambolesca.
Nem tão pouco, o que eu escrevi, tinha alguma intenção vexatória porque tudo o que foi descrito, é e continua a ser, baseado em factos reais, verdadeiros e que podem ser provados.
Quanto ao ataque, essa não. Bater em mortos? Nunca. Eu compreendo que a verdade, por vezes, pode ser incómoda e não agradar a alguém, mas a verdade é a verdade.
Onde havia tanto elitismo, “cultura” e sabedoria não se encontrou ninguém para explicar a quem visita a página na Web do CLUBE RADIO COSTA VERDE (?), qual o verdadeiro estado de coisas?

Um abraço amigo

Luís Forra

Nome: Francisco Domingues
Estação CB: Dinossauro
Localidade: Lisboa
Date: 19 June, 2003
Time: 16:52

Comentários:

Caro Luís,

Não faz parte da minha cultura, alimentar conflitos, divisões, polémicas e coisas que tais, onde estas não deveriam existir.
A mim tudo o que possa dizer em artigo de opinião, transvestido de "comentário", acredite que não me atinge, nem me incomoda em termos pessoais, entristecendo-me no entanto, por nesse clube ter conhecido alguns membros que me ensinaram muito sobre rádio.
Nunca exerci qualquer cargo no Clube Rádio Costa Verde, nem em nenhum outro clube rádio, mas como modesto membro não podia deixar de ficar triste e magoado.
Não é a desenterrar guerras antigas e a tirar do baú do esquecimento fantasmas de Federações que já não existem (será que algum dia verdadeiramente existiram no bom sentido da palavra ?), que se consegue dignificar a banda do cidadão.

Um abraço amigo,

Francisco Domingues
Estação CB Dinossauro

RESPOSTA AO FRANCISCO DOMINGUES

Caro Francisco

Compreendo que fique triste e magoado, porque teve um contacto efémero com realidade e só sentiu uma face da moeda. Teve sorte em conhecer alguém que o ensinou e acarinhou.
Eu já não tive a mesma sorte...
Para terminar, quero exprimir a minha satisfação pela sua postura, demonstrando maturidade e inteligência ao exprimir, publicamente, o seu desagrado com a minha sessão de travisti pseudo-literário. Apesar das ideias serem diferentes, o diálogo terá sempre que ser sério e construtivo, pois a falar é que nos entendemos.
Só lamento que haja tão poucas pessoas a proceder dessa forma.
Seja sempre assim, porque, da mesma forma, quando eu quero dizer seja o que fôr, baseado sempre na verdade, nunca me calo apesar de poder ser um pouco contundente mas nunca ofensivo.

Um abraço amigo

Luís Forra