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O BANDO DOS CIDADÃOS
Com a aproximação do tempo quente, e depois deste Inverno de 2001 de má memória, as actividades cebeístas começam a ter lugar, onde existam pessoas com vontade de organizá-las.
Actividades cebeístas propriamente ditas, não serão assim muitas.
O que habitualmente existe, são as actividades gastronómicas. De alguns anos a esta parte, fomos confrontados com o uso e o costume, de que um almoço ou jantar é uma actividade cebeísta.
Pessoalmente não tenho nada contra os almoços, lanches e jantares. Até pelo contrário. Quem me conhece até o sabe, pois a minha aparência indica logo que sou um bom "garfo"; mas considerar que uma simples e, por vezes, cara e má refeição é uma actividade cebeísta, é um pouco forçado e duvidoso.
Quando uma associação que se diz cebeísta, legalizada ou não, e que durante os 365 dias do ano só organiza um repasto (e nada mais) para os seus associados, amigos e simpatizantes, em minha opinião, de actividade cebeísta não tem nada. É sim uma actividade, mas meramente gastronómica.
Agora, quando paralelamente com o almoço tem lugar uma actividade, mais que não seja a omnipresente "caça à portadora", ou "caça à raposa", aí sim: temos uma actividade cebeísta precedida de uma refeição e entrega de prémios.
Mas porquê só uma vez por ano?
É compreensível que a vontade organizativa e a disponibilidade de quem tem que sobreviver nos tempos actuais, não é suficiente para dar corpo a uma vida activa dentro de uma organização cebeísta.
Todos nós temos a noção do stress que nos é imposto pela luta da vida, por vezes em condições de pressão acima do limite humano.
Quando se chega a casa, arrasado de um dia de trabalho e canseiras, não há muita vontade de ainda ir trabalhar num projecto para organizar uma qualquer actividade cebeísta. Nem tão pouco aos fins-de-semana, pois este período é de dedicação à família que, durante a semana pouco se viram ou falaram.
Restam, então, as férias de Verão para se poder organizar e realizar uma actividade cebeísta...
Então como funcionam presentemente as organizações cebeístas? Onde estão e o que fazem os Corpos Sociais?
Alguns, felizmente que não são todos, preferem fomentar e desenvolver guerras no seu próprio seio e com objectivos duvidosos, em vez de criarem condições para que as actividades cebeístas dessa associação sejam estendidas aos que desejam somente "fazer rádio".
É triste assistir ao afastamento, quase compulsivo, de dirigentes de associações CB que deram, desinteressadamente, muitos anos da sua vida e muito dinheiro do seu bolso à causa cebeísta e à sua associação.
Isto acontece porque estão cansados de serem ofendidos, injustamente acusados e gratuitamente condenados por actos que nunca praticaram. Quais serão as intenção e os objectivos dos autores destas campanhas? Quem é que consegue organizar seja que actividade for, num clima destes?
Como dirigente de uma associação da Banda do Cidadão, nunca fui confrontado com uma situação destas. Mas se tal acontecesse, o que não será nada provável, nem comendo o pão que o diabo amassou, alguém conseguiria que eu desistisse ou abandonasse um projecto, para ter espaço ou oportunidade de ocupar o meu lugar, por desdém ou proveito próprio.
Cada vez mais, as organizações associativas da Banda do Cidadão, sobrevivem à custa de dois ou três elementos "carolas" que ainda conseguem disponibilizar-se para que a "coisa" não vá por "água abaixo"...
A maioria dos sócios, quando solicitados para ajudar a organizar uma actividade, nunca têm tempo. Quanto ao pagamento de quotas, é a miséria que todos nós conhecemos. Nem para pagarem uns irrisórios 100, 150 ou 200 escudos por mês, estão disposto.
Quando pagam sentem-se empossados de todo o tipo de deveres, esquecendo as suas obrigações.
Às Assembleias Gerais aparecem meia dúzia de "gatos pingados" e desses, ainda há alguns (os tais que não fazem nada) ainda criticam destrutivamente o pouco ou o muito que os outros tentam fazer, não apresentando soluções válidas e alternativas para a resolução dos problemas apresentados, esquecendo de todo o sacrifício dos que ainda lutam para que a porta não seja fechada.
Pensando bem, com as condições adversas que actualmente existem no seio da maioria das organizações cebeístas nacionais e num país terceiro-mundista como o nosso, ser um verdadeiro dirigente de uma organização da Banda do Cidadão, pode ser uma figura em vias de extinção.
Quanto à organização de actividades cebeístas por parte dessas figuras, só tenho uma coisa a dizer: Só com a coragem e a determinação dessa gente é que ainda há CB.
Apesar do pouco que há, ainda vamos comunicando e convivendo uns com os outros, dando assim continuidade à nossa presença constante no éter.
Quando esse "carolas" desistirem, teremos então, não uma a Banda do Cidadão, mas sim um bando de cidadãos.
Luís Forra
Estação CB "Dakota Bravo"
Junho 2001
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