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A sonolência
Quem conhece bem a realidade e o funcionamento da Banda do Cidadão no nosso país desde a sua legalização até ao momento actual, e já lá vão 23 anos, conclui que a maior parte do seu conteúdo e dos objectivos a que os utentes da mesma se propunham levar a bom termo, não passaram de mera miragem num deserto de promessas, frustrações e abandonos.
Após os primeiros anos de euforia e os seguintes de desenganos, e quando começaram a surgir as primeiras e reais dificuldades e contratempos, muitos cebeístas sentiram-se incomodados, ou até repugnados, pelo mau ambiente criado na frequência por determinados indivíduos e/ou grupos de indivíduos, que, de amadores de rádio não tinham nada.
Apesar da tutela ter conhecimento deste estado de coisas, deixou de escutar e controlar o tráfego de comunicações na faixa atribuída ao CB, abrindo assim caminho a todo o tipo de pouca-vergonha radiofónica.
Os responsáveis e dirigentes das organizações cebeístas também viraram as costas a toda esta problemática, fazendo de conta que não pertenciam ao meio, procurando desculpas e teorias de "lana caprina" para justificar, aos olhos dos inocentes, a sua total ausência de interesse pelos graves atropelos que se iam cometendo.
A consequência de tal estado de coisas, juntamente com outras causas sobejamente conhecidas pela maioria dos cebeístas, provocou a fuga para as "outras frequências" da grande maioria dos que faziam do CB o seu passatempo principal.
O pensamento dos fugitivos foi só um: Trocando os "ares" do CB pelos "ares" das "outras", pensavam que os problemas lá seriam inexistentes, e se porventura surgissem alguns, seriam rapidamente resolvidos e esquecidos. Puro engano. O gosto e o prazer da comunicação não depende da frequência onde se opera, mas sim da forma como, e com quem se comunica e convive.
Seja com fôr, o certo é que houve uma verdadeira debandada de utilizadores da Banda do Cidadão, especialmente para as frequências de VHF, originando uma Banda do Cidadão paralela e com ambiente ainda pior que a anterior.
Os que ainda cá ficam continuam a ter que saber viver com aquilo que têm. Engolir alguns sapos, para não se criarem problemas e confusões desnecessárias, mas "quem corre por gosto não cansa" e o amor à causa ainda continua vivo.
Os mais inconformados e militantes, organizaram-se e constróem, onde não havia praticamente nada, uma estrutura com o intuito de preencher um vazio, que cada vez se tornava maior, no âmbito das actividades cebeístas.
Em 1996 é fundado o Grupo de Expedições Rádio CB de Almada (GERCB), que dá a "pedrada no charco".
Devido à sua acção no terreno, com uma Expedição Rádio CB a uma Serra todos os meses, transmite um dinamismo a muitas centenas de cebeístas adormecidos e abre caminho para uma nova época na história da Banda do Cidadão em Portugal.
A dinâmica criada e transmitida a todos os que participam nas Expedições Rádio CB é tão forte, que gera uma segunda vaga ainda maior, dando origem à Liga para a Defesa da Banda do Cidadão.
Com a aproximação de 31 de Dezembro de 1999, data limite para o fim da transmissão em AM e SSB, era de todo fundamental e necessário criar uma organização representativa da classe, para que se invertesse a tendência da lei e se fizesse sentir que os cebeístas portugueses estavam unidos.
A "Liga CB" foi criada, a lei foi revogada até 31 de Dezembro de 2006.
Teria tido alguma influência a acção que a Liga para a Defesa da Banda do Cidadão desenvolveu, não só junto da opinião pública cebeísta, mas noutros sectores influentes do estado português, para que não fossemos totalmente penalizados pela lei injusta que estava pronta para recair sobre nós? Só tempo o dirá. A "Liga CB" é uma associação legalizada, sem fins lucrativos e formada por cebeístas. Os elementos dos Corpos Sociais têm a sua vida profissional e familiar, dando nas suas horas livres todo o seu melhor para que a "máquina" funcione sem problemas.
Portanto, o rápido ou o lento funcionamento dos serviços de secretaria depende da disponibilidade dos seus elementos.
Acontece que, de há alguns meses a esta parte, os elementos principais da Direcção, por coincidência, tiveram uma sobrecarga de trabalho. Inclusivamente, um deles até esteve internado no hospital para uma cirurgia. Obviamente, os serviços internos ficaram paralisados.
Como todos sabem, foi o Grupo de Expedições Rádio CB de Almada que deu origem à "Liga CB", sendo neste momento a sua vertente lúdica. Assim, se os elementos da "Liga CB" "falham", o Grupo de Expedições RCB fica impossibilitado de levar a efeito qualquer tipo de actividade.
Assim, presentemente o ponto da situação é o seguinte: Com a "Liga CB" e o GERCB de Almada a funcionar no mínimo desde Janeiro de 2001, estimamos que no fim do próximo mês de Junho tudo volte à normalidade.
Já está marcada a Assembleia Geral da "Liga CB" para dia 17 de Junho de 2001 em Santarém, para apreciação e aprovação de contas.
Também na última Sexta-feira do mesmo mês de Junho o GERCB de Almada vai levar a efeito uma Expedição Rádio CB à Serra da Lousã abrindo assim a "época" 2001 de Expedições Rádio CB. A normalidade tende a regressar.
Nestes seis meses que estivemos um pouco ausentes da actividade da frequência, tirámos algumas conclusões. E elas surgiram naturalmente no passado dia 8 de Abril no almoço-convívio organizado pela Associação de Comunicações de Alpiarça, em que estivemos presentes.
Quem que lá estava? Meia dúzia de "gatos pingados".
Nem para comer e beber apareceu o número mínimo de cebeístas que usualmente aparecem. A publicidade foi feita por várias vias, as pessoas tinham conhecimento do que se ia passar, mas...não se fizeram presentes.
Mesmo assim estiveram representados os Marafados CB Clube de Portimão (Marujo, Stela, Freitas com a esposa e filho), "Liga CB" (Luís Forra e José Figueiredo), GERCB de Almada (Margarida Almeida), "Liga CB Norte" (João Gonçalves), Clube CB Desgraçadinhos (J Almeida e Célia).
No total não estiveram mais de 40 pessoas.
Normalmente nestes encontros, além do almoço, ainda há lugar a uma actividade cebeísta e há sempre a presença 100 pessoas, no mínimo. O que é que teria falhado?
Da troca de impressões com alguns dos presentes, todos chegaram à conclusão que a falta de actividade cebeísta mensal, por parte do Grupo de Expedições Rádio CB de Almada, a que a maior parte dos cebeístas, a nível nacional, estavam habituados, levou à sonolência momentânea de muita gente.
Será?
Será que não há alternativas fortes e mobilizadoras à "Liga CB" e ao GERCB de Almada, para fazer movimentar, no decurso de um ano e todos os meses, as vontades dos que gostam destas actividades, gerando um interesse efectivo para "fazer rádio" e promover encontros?
Será?
Luís Forra
Estação CB «Dakota Bravo»
14 de Abril de 2001
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