A Lei do mais javardo

O que é que o recém chegado à frequência pode dizer quando carrega na PTT do microfone e inicia a sua emissão?
Pode dizer TUDO, mas não o deve fazer se for uma pessoa bem formada, desejar ter uma conduta digna e agir sempre de boa fé. Mas se não o fôr, pode dizer TUDO o que lhe vier à cabeça, que não há nenhuma autoridade (seja ela qual fôr) que o impeça de o fazer. Pode ser o mais ordinário, insultuoso e ofensivo que possam imaginar, que NINGUÉM o impede de continuar a ser. Para quem habitar na região de Lisboa, basta ligar o seu equipamento de CB durante o dia, sintonizar os canais 22 ou o 31 em AM, para não falar em mais, e escutar com atenção ao que se lá diz e pratica. É de pôr os cabelos em pé. Quem percorrer de automóvel e levar o seu CB ligado e sintonizado no canal 34 LSB, na maioria dos casos, o cenário é o mesmo: da boca de certa gente que por lá vegeta só saem “alhos e bugalhos”. São os representantes no éter, da fina flôr de certo entulho que se arrasta pelas nossas estradas, com uma pata no volante e outra no microfone.
A Lei do mais forte 
E potência de emissão? Se o recém chegado à Banda quiser utilizar um amplificador de potência para que a sua emissão possa chegar mais longe, não tem qualquer problema com isso. Basta ter a verba necessária, ir à loja comprar o dito aparelho e colocá-lo de forma a tornar-se uma super estação CB, independentemente de prejudicar todos os seus colegas de frequência que moram perto de si, e os vizinhos que nada têm a ver com a rádio. Aos colegas interfere na escuta, tornando-a praticamente imperceptível devido ao excesso de potência de emissão. Aos vizinhos, pelas mesmas razões, interfere com a recepção do sinal de imagem e som da TV.
Apesar do excesso de potência de não ser permitido por lei, em determinadas situações, ajuda o contacto e não prejudica ninguém. São os casos das estações móveis quando operam fora das localidades, estações base situadas em descampados ou bastante afastadas das povoações e estações em concurso também afastadas de povoações. Mas continua a ser ilegal.
Infelizmente a maioria não cumpre esta regra. Quando há estações em comunicação e a serem interferidas por excesso de potência de alguém que está a transmitir perto, a solução é desligar, porque se alguém pede, delicadamente, ao causador das interferências para parar de o fazer, ainda está sujeito a ouvir: “se não estás bem, muda-te” ou “vai fazer queixa ao ICP”, e mais coisas que não devem ser ditas por aqui.

A Lei do mais selvagem

E o comportamento de determinados utilizadores da Banda do Cidadão, cujos objectivos são o fomento da confusão, da discórdia, do boato gratuito, da intriga, da calúnia, etc., etc. criando um clima de mal-estar e angústia a quem é quase obrigado a escutar determinadas brincadeiras de mau gosto, chamadas de “cadinhos”, “caldeiradas” “partidas”, e outras?
Não esquecendo o circo autentico que resulta do facto de certas “personalidades”, quando alcoolizadas, transmitirem na frequência a música da sua preferência e debitando todo o tipo de insultos a quem chama atenção.
E qual o canal escolhido? Logo num dos dois que a Lei(?) contempla como canais com estatuto especial e específico. O canal 11, apelidado de canal de chamada.
Exactamente, é nesse mesmo, no canal 11 dito de chamada, que serve para tudo menos para chamar, que têm lugar todas estas manifestações de pouca-vergonha e falta de respeito pelo próximo.
E o recém chegado e candidato a cebeísta quando confrontado com este panorama, o pode fazer? Quem é que lhe pode explicar e fazer entender que aquilo que ouve não é a Banda do Cidadão que vem descrita nos manuais existentes, nem corresponde minimamente às narrações dos que gostariam que a Banda fosse o que foi há muitos anos atrás?

A Lei da ilusão e da mentira

Não há nada mais pernicioso e naturalmente mais desaconselhável, que transmitir a alguém uma informação ou ideia distorcida e adulterada, ainda com a agravante desse alguém estar completamente fora do assunto, mas querendo entrar nele e participar. O culto da ilusão, como já foi dito no inicio do desenvolvimento deste tema, é uma tendência natural de quem viveu ou conviveu com alguém dos primeiro tempos do CB em Portugal, quando a frequência era um passatempo recomendável e de utilidade pública, e está a descrever a terceiros o que é, e quais as potencialidades da Banda do Cidadão. O erro é natural e deve ser corrigido, porque, actualmente, não se pode dar uma explicação a alguém do que é a Banda do Cidadão, baseada em factos e situações passadas há mais de 20 anos. Isso são teorias desajustadas da actual realidade.
Quem sabe como as coisas funcionam na Banda do Cidadão no ano 2002 e vivendo na região de Lisboa, não pode ter a leviandade de induzir em erro alguém que não sabe nada da matéria em causa, dizendo que o canal 9 é o canal de emergência e tem de ser respeitado porque há uma ou mais entidades a fazer escuta de emergência e urgência 24, sobre 24 horas. Actualmente, dizer isso é uma completa mentira.
Isso foi verdade há 24 anos, feito pelos Bombeiros Voluntários de Almada e num curto período de 12 meses. Depois disso, ainda existiram outras tentativas esporádicas noutras Associações de Bombeiros, seguindo o exemplo positivo de Almada, mas foi “sol de pouca dura”, porque as condições de trabalho, técnicas, operacionais e monetárias era mínimas e/ou inexistentes.
Esse tempo já passou há muito e a emergência-rádio na Banda do Cidadão está marcada por episódios e situações muito pouco dignificantes.
Há casos pontuais em que existiu emergência-rádio no CB, levado a efeito por algumas pessoas ou grupos, de quando de inundações, incêndios e acidentes de viação graves. Mas nada com continuidade e organizado de tal modo que se possa afirmar que alguma vez houvesse emergência-rádio na Banda do Cidadão. Tirando a excepção dos Bombeiros Voluntários de Almada em 1978/79, não há mais nada assinalar de importante e conclusivo.
Voltando à actualidade e à realidade, o que se ouve no canal 9, são meia dúzia de firmas comerciais de reboques, um ou outro pândego a brincar às emergência, um ou outro QSO, ou então nada.
Quem está numa situação de emergência, socorre-se do seu telemóvel ou do telemóvel de alguém. Se estiver isolado e o único meio de contacto para pedir socorro fôr um equipamento da Banda do Cidadão, só tem que sintonizar o canal 34 LSB e aí, de certeza, encontra alguém para pedir ajuda.
O mesmo se aplica ao canal 11. É uma completa mentira dizer que, actualmente o canal 11 é o canal de chamada. Pode ter o nome, mas não é.
Concluindo: a esmagadora maioria da população cebeísta não utiliza o canal 9 porque é de emergência que não existe e tem um canal dito de chamada, o 11, que de chamada só tem o nome.

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